Você sabia que os dentistas podem ser os primeiros a identificar os distúrbios alimentares?
A conexão entre a saúde oral e a saúde sistêmica é bem conhecida, mas o que a maioria das pessoas não sabe é que os dentistas generalistas geralmente estão em condições de detectar condições sistêmicas que afetam a saúde e a qualidade de vida dos pacientes.
Os primeiros sinais de um transtorno alimentar podem se manifestar na boca, como:
- Sensibilidade: Os dentes podem ficar sensíveis a alimentos e bebidas frios ou quentes, devido à perda do esmalte que protege a dentina.
- Erosão dos dentes: O esmalte dos dentes pode se desgastar, o que pode causar manchas, descoloração, alteração de forma e até mesmo a perda do dente.
- Boca seca: A boca pode ficar seca, o que pode aumentar o risco de cáries, infecções e mau hálito.
- Um elevado número de cáries: As cáries podem se desenvolver rapidamente em pessoas com transtornos alimentares, devido à falta de saliva, à dieta inadequada e à exposição ao ácido gástrico.
- Aumento das glândulas salivares: As glândulas salivares podem ficar inchadas, o que pode causar bochechas inchadas, dor e dificuldade para mastigar e engolir.
Estes sinais são causados pela auto-indução de vômitos, que é um comportamento comum em pessoas com transtornos alimentares, especialmente a bulimia nervosa. O ácido do estômago é corrosivo e pode danificar os dentes e a boca.
Em casos extremos, os transtornos alimentares podem causar danos graves aos dentes e à boca, incluindo:
- Exposição do nervo: O nervo do dente pode ficar exposto, o que pode causar dor, infecção e até mesmo a perda do dente.
- Descoloração: Os dentes podem ficar descoloridos ou manchados, devido à erosão do esmalte e à pigmentação dos alimentos e bebidas.
- Perda dentária: Os dentes podem cair ou precisar ser removidos, devido à destruição da estrutura dentária e à perda óssea.
Além dos danos à boca, os transtornos alimentares também podem afetar outras partes do corpo, incluindo o coração, o cérebro e os ossos.
Distúrbios alimentares mais comuns
A anorexia nervosa, a bulimia nervosa e o transtorno da compulsão alimentar são os transtornos alimentares mais comuns.
A anorexia nervosa é caracterizada por uma restrição severa da ingestão de alimentos, que pode levar à perda de peso extrema e à desnutrição. As pessoas com anorexia nervosa têm uma imagem corporal distorcida e um medo intenso de engordar, mesmo estando abaixo do peso normal. A anorexia nervosa pode causar anemia, osteoporose, hipotermia, arritmia cardíaca, depressão e até mesmo a morte.
Alimentação e Distúrbios de Comportamento 4ª Edição 2021
Este trabalho pretende apresentar a relação da nossa alimentação com os distúrbios de comportamento. Demonstrar como os atuais hábitos alimentares podem estar provocando reações no sistema nervoso central e mostrar que sintomas que se manifestam no nosso comportamento mental e emocional podem ter causas nutricionais.
A bulimia nervosa é caracterizada por episódios de compulsão alimentar seguidos de comportamentos compensatórios, como vômitos, uso de laxantes ou diuréticos ou exercícios excessivos.
As pessoas com bulimia nervosa têm uma preocupação excessiva com o peso e a forma corporal, e sentem culpa e vergonha após os episódios de compulsão.
A bulimia pode causar desidratação, desequilíbrio eletrolítico, inflamação do esôfago, úlceras gástricas, problemas dentários e renais, ansiedade e até mesmo a morte.
O transtorno da compulsão alimentar é caracterizado por episódios de compulsão alimentar que não são seguidos de comportamentos compensatórios.
As pessoas com transtorno da compulsão alimentar comem grandes quantidades de alimentos em um curto período de tempo, mesmo sem fome ou até se sentirem desconfortáveis.
Elas também sentem falta de controle sobre o que e quanto comem, e sofrem de angústia e culpa após os episódios de compulsão. O transtorno da compulsão alimentar pode causar obesidade, diabetes, hipertensão, colesterol alto, doenças cardiovasculares, apneia do sono, artrite e até mesmo a morte.
Os transtornos alimentares são doenças sérias que podem ter consequências devastadoras para a saúde física e mental.
Eles são causados por uma combinação de fatores biológicos, psicológicos e sociais, e requerem um tratamento multidisciplinar, que envolve médicos, nutricionistas, psicólogos e, claro, dentistas.
A Erosão Dentária
Erosão dental é um problema comum na Odontologia, muitas vezes multifatorial. Entre os tipos de desgaste dentário, a perimólise se destaca, causada principalmente por ácidos, seja por hábitos alimentares ácidos ou por problemas gástricos como refluxo gastroesofágico. Esse desgaste, lento e progressivo, pode passar despercebido, levando a complicações como sensibilidade, comprometimento estético e até mesmo problemas oclusais.
O diagnóstico precoce é desafiador, exigindo um exame clínico minucioso e uma anamnese detalhada para identificar os fatores etiológicos, como transtornos alimentares. Profissionais cirurgiões-dentistas devem estar cientes dessas condições e realizar o manejo adequado dos pacientes para evitar complicações e tratamentos mais complexos.
Dentistas como sentinelas
Os dentistas estão em uma posição única para identificar os distúrbios alimentares. Eles são os primeiros profissionais de saúde a ver os pacientes com regularidade e, portanto, podem detectar sinais precoces de problemas.
Um estudo publicado na revista Journal of the American Dental Association (JADA) descobriu que os dentistas podem identificar transtornos alimentares com uma taxa de precisão de 86%. O estudo também descobriu que os dentistas são mais propensos a identificar transtornos alimentares em mulheres do que em homens.
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Os dentistas podem desempenhar um papel importante na identificação e no encaminhamento de pacientes com transtornos alimentares para tratamento. Eles podem fornecer apoio e orientação aos pacientes e ajudá-los a encontrar os recursos de que precisam para se recuperar.
Os dentistas também podem ajudar a prevenir e a tratar os danos causados pelos transtornos alimentares aos dentes e à boca. Eles podem orientar os pacientes sobre os cuidados com a higiene oral, a dieta adequada, o uso de flúor e a proteção dos dentes. Eles também podem realizar procedimentos restauradores, como restaurações, coroas, próteses e implantes, para devolver a função e a estética dos dentes.
Os dentistas são sentinelas essenciais na identificação de transtornos alimentares. Eles estão em uma posição única para detectar sinais precoces de problemas e fornecer apoio e orientação aos pacientes.
Eles também podem ajudar a prevenir e a tratar os danos causados pelos transtornos alimentares aos dentes e à boca, melhorando a saúde e a qualidade de vida dos pacientes.
Conclusão
A conexão entre a saúde oral e a saúde geral é indiscutível, e os dentistas desempenham um papel crucial na detecção precoce de condições sistêmicas, como os distúrbios alimentares. Como profissionais que frequentemente são os primeiros a observar os pacientes regularmente, eles têm a capacidade de identificar sinais precoces desses transtornos e encaminhar os pacientes para o tratamento adequado.
Os dentistas são aliados na prevenção e tratamento dos danos causados pelos distúrbios alimentares à saúde bucal, melhorando assim a qualidade de vida dos pacientes.
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Referências
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DE MENEZES, Júlia Mariza Magalhães et al. Aspectos característicos da perimólise: uma revisão de literatura entre os anos de 2010 a 2021. Research, Society and Development, v. 10, n. 14, p. e03101421665-e03101421665, 2021.
DUARTE, Renata Cristina Silva et al. Transtornos alimentares e suas manifestações orais: Revisão Integrativa. Brazilian Journal of Implantology and Health Sciences, v. 6, n. 4, p. 1621-1633, 2024.
JESUS, Isabel Alexandra Graça Lopes da Silva Moura et al. Manifestações Orais de Distúrbios Alimentares Papel/Atuação do Médico Dentista. 2020.
