Acesso aos Serviços Públicos de Saúde Bucal

Iniciativas Gratuitas Marcando o Dia do Dentista no Brasil

Introdução

O artigo apresenta um panorama das principais ações públicas e comunitárias realizadas em todo o Brasil por ocasião do Dia do Dentista no Brasil, celebrado em 25 de outubro.

São destacadas campanhas gratuitas voltadas à prevenção, atendimento e conscientização sobre saúde bucal em escolas, universidades e unidades de saúde, incluindo mutirões em Belo Horizonte, programas itinerantes em Guará (DF) e ações educativas em Maceió (AL).

Também são analisadas as políticas públicas que sustentam essas iniciativas — entre elas o Brasil Sorridente, a ampliação das Unidades Odontológicas Móveis (UOM) e eventos como a Virada Odontológica de São Paulo —, reforçando o papel estratégico das ações contínuas de promoção da saúde bucal e da democratização dos serviços odontológicos prestados pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Contexto Nacional e Significado do Dia do Dentista no Brasil

A data de 25 de outubro, conhecida como Dia Nacional do Dentista e também como Dia Nacional da Saúde Bucal, é mais do que uma celebração profissional — ela simboliza o esforço coletivo de governos, universidades, entidades de classe e empresas privadas na expansão do acesso ao cuidado bucal.

Instituído pela Lei nº 10.465/2002, o dia reforça o compromisso social dos profissionais odontológicos com a equidade na prestação do serviço público e a importância da saúde bucal como componente integral do bem-estar humano.¹

Nas últimas décadas, o país avançou significativamente na estruturação de políticas públicas odontológicas.

Desde a criação, em 2004, do Programa Brasil Sorridente, o acesso gratuito a tratamentos de diferentes níveis de complexidade passou a ser garantido dentro do SUS.

A política prevê atendimento em Unidades Básicas de Saúde (UBS), Centros de Especialidades Odontológicas (CEO) e, mais recentemente, nas Unidades Odontológicas Móveis (UOM), que alcançam localidades rurais e comunidades afastadas.²

Esses programas são fundamentais para combater o histórico quadro de desigualdades que caracterizou o Brasil como o “país dos desdentados”, título ainda lamentavelmente lembrado nas análises mais recentes sobre os desafios da odontologia social.³

Desde a criação, em 2004, do Programa Brasil Sorridente, o acesso gratuito a tratamentos de diferentes níveis de complexidade passou a ser garantido dentro do SUS.

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São Paulo: A Virada Odontológica e o Alcance da Atenção Preventiva

Entre 20 e 24 de outubro de 2025, a cidade de São Paulo organizou a 4ª Virada Odontológica, mobilizando 444 Unidades Básicas de Saúde. A ação envolveu palestras, triagem, escovação supervisionada, aplicação de flúor e entrega de kits de higiene bucal.⁴

De acordo com Marta Lopes de Paula Cipriano, coordenadora técnica da Secretaria Municipal de Saúde, o evento representou uma ampliação da estratégia de prevenção, permitindo alcançar milhares de cidadãos com atividades educativas e avaliações clínicas. Em paralelo, o município reforçou a capacidade de atendimento com 31 Centros de Especialidades Odontológicas, dois Centros de Cuidado Odontológico e seis Unidades Odontológicas Móveis. Essas estruturas oferecem desde endodontia e periodontia até cirurgias orais e implantes, sempre de forma gratuita e integral.

Um dado expressivo do relatório municipal aponta a entrega de 479 mil próteses dentárias desde 2021, um marco na reabilitação de pacientes em situação de vulnerabilidade social. O projeto reflete o papel do setor público em enfrentar desigualdades históricas por meio da reabilitação oral e da orientação preventiva.⁵

Goiás: Educação, Políticas Públicas e o Projeto “Julho Neon”

Em Goiás, o Parlamento Goiano destacou-se em 2025 com a instituição do Mês Estadual Julho Neon, criado para reforçar a democratização do acesso à saúde bucal e incentivar consultas regulares com dentistas. O projeto, de autoria do deputado Virmondes Cruvinel, foi aprovado pela Lei nº 23.604/2025 e tem servido de inspiração para outros estados que buscam campanhas permanentes de esclarecimento e prevenção.⁶

Na mesma linha, novas propostas legislativas avançaram no sentido de priorizar o atendimento odontológico para vítimas de violência doméstica, assegurando reconstrução funcional e estética da arcada dentária. Segundo a deputada Delegada Fernanda, a medida “representa uma política de reparação integral” e ressalta o papel humanitário da odontologia dentro da saúde pública.

Além disso, a Assembleia Legislativa de Goiás reportou mais de 10 mil atendimentos odontológicos gratuitos em 2025 dentro de suas próprias instalações, evidenciando o caráter exemplar do serviço oferecido por servidores da Casa Legislativa.⁷

Bahia: As Universidades e a Inserção de Gestantes no Cuidado Bucal

Em Salvador, o Centro Universitário UniRuy Wyden promoveu, no Dia do Cirurgião-Dentista, uma atividade gratuita voltada a gestantes, mães e bebês. A Clínica-Escola de Odontologia, instalada na Avenida Paralela, abriu 60 vagas para consultas e orientações sem inscrição prévia.⁸

A coordenadora do curso, professora Susana Lima, explicou que muitas mulheres ainda desconhecem a importância da saúde bucal durante a gestação — período que favorece inflamações gengivais e outros distúrbios relacionados à alteração hormonal. O evento incluiu triagem, exame clínico e educação preventiva para as mães, além de instruções sobre aleitamento e higiene dos bebês.

A iniciativa ilustra o crescente papel das universidades na formação social dos futuros odontologistas e a integração entre o ensino superior e o atendimento comunitário.

Alagoas: Educação Bucal nas Escolas e Atendimento Público Estadual

Na capital alagoana, Maceió, foram realizadas simultaneamente duas campanhas: a ação “Um Sorriso do Tamanho do Brasil”, na Escola Municipal Nosso Lar, e uma atividade educativa organizada pela Secretaria Municipal de Saúde no bairro Vergel. Ambas as ações ofertaram kits de higiene dentária, instrução sobre escovação supervisionada e palestras com foco em prevenção de cáries e doenças periodontais.⁹

Essas campanhas locais coincidiram com a ampliação do serviço estadual. Segundo a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), Alagoas passou a oferecer atendimento odontológico em Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), hospitais de urgência e no Hospital do Coração Alagoano, incluindo pacientes internados.¹⁰

Desde 2023, com a inclusão da Política Nacional de Saúde Bucal na Lei Orgânica da Saúde, garantiu-se a obrigatoriedade do atendimento odontológico público universal. Esse movimento fortalece a visão de que a saúde bucal é um direito constitucional, não um privilégio restrito.

Distrito Federal: Odontologia Itinerante e Ações Comunitárias

No Distrito Federal, dentistas e estudantes de saúde têm aderido a eventos de promoção social como o Programa Saúde na Escola. Em iniciativas recentes, foram distribuídos kits educativos e realizados exames preventivos em escolas públicas do Guará, aproximando o atendimento das famílias.

Além dessas ações contínuas, o Governo do DF anunciou em 2025 um investimento de R$ 2,3 milhões para modernizar a odontologia pública, ampliando o número de Centros de Especialidades Odontológicas (CEOs) e unidades que oferecem procedimentos sob anestesia geral.¹¹

A Secretaria de Saúde também confirmou a implementação de novos consultórios e o reforço na estrutura de Hospitais Dia, consolidando o DF como uma das referências em atendimento especializado no Centro-Oeste.¹²

Entre as inovações mais importantes para a expansão do atendimento público destaca-se a adoção das Unidades Odontológicas Móveis, que transformam vans e carretas em consultórios completos.

O Papel das Unidades Odontológicas Móveis (UOM)

Entre as inovações mais importantes para a expansão do atendimento público destaca-se a adoção das Unidades Odontológicas Móveis, que transformam vans e carretas em consultórios completos. Equipadas com raio-X, cadeiras automatizadas e aparelhos de esterilização, essas unidades levam tratamento a regiões rurais e periferias que antes não tinham cobertura.

O Ministério da Saúde informou que em 2025 o Brasil atingirá 900 unidades móveis — um salto significativo em relação às 107 existentes há apenas três anos. A expansão, parte do programa Brasil Sorridente, visa garantir que mesmo as comunidades mais isoladas possam receber assistência odontológica básica e cirurgias simples próximas de casa.¹³

Exemplos recentes incluem as cidades de Sorriso (MT), Francisco Sá (MG), Juína (MT) e Quixeramobim (CE), que receberam UOMs com articulação de parlamentares locais e apoio do governo federal.¹⁴

Essas unidades complementam campanhas itinerantes como o Odonto Móvel do Condado, que percorre áreas rurais com atendimento gratuito e acompanhamento preventivo. A versatilidade dos equipamentos permite que sejam usados também em escolas e feiras públicas, integrando saúde, cidadania e prevenção.

Inovação Científica: Startups e o Futuro da Odontologia

Além da expansão dos serviços públicos, o Brasil vem fortalecendo a pesquisa científica aplicada à odontologia. O Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), em Campinas (SP), apoia startups deeptechs por meio do programa PACE. Um destaque é a AG3 Pesquisa e Desenvolvimento Experimental, startup que desenvolve tecnologias baseadas em nanopartículas de prata para prevenir a formação de cáries e reduzir infiltrações bacterianas em restaurações.¹⁵

A equipe utiliza a infraestrutura do Sirius — acelerador de luz síncrotron — para investigar a interação de biofilmes bacterianos com materiais dentários em nível nanométrico. Essa cooperação entre ciência avançada e odontologia aplicada mostra como a inovação pode potencializar políticas públicas, reduzindo custos e ampliando a durabilidade dos tratamentos realizados pelo SUS.

Desafios Persistentes e Diagnóstico Atual

Apesar dos avanços, o Brasil ainda convive com profundas desigualdades regionais no acesso à saúde bucal. A Pesquisa Nacional de Saúde Bucal (SB Brasil 2023) revelou que 45,85% das crianças de cinco anos não realizaram consulta odontológica no último ano do levantamento. Entre os idosos de 65 a 74 anos, a média de dentes perdidos chegou a 19,86, equivalentes a 80% da dentição afetada por cárie.¹⁶

Esses números reiteram a necessidade de fortalecer políticas de prevenção, ampliar o número de profissionais na rede pública e manter investimentos constantes em infraestrutura e capacitação.

O Correio Braziliense, em editorial recente, ressaltou que o país vive um “paradoxo”: progresso tecnológico e programas robustos coexistem com carências estruturais e filas de espera.²⁰ Ainda que o edentulismo total em idosos tenha diminuído de 53,7% (2010) para 36,27% (2023), a distribuição desigual dos serviços continua sendo o maior obstáculo à equidade.

Educação e Cidadania: Vinculando Campanhas ao Cotidiano

As campanhas comemorativas do Dia do Dentista no Brasil demonstram o poder da mobilização social em torno da saúde pública. Entretanto, especialistas alertam que essas ações precisam ser integradas a políticas de longo prazo.

Os programas como o Saúde na Escola, o Julho Neon e a Virada Odontológica devem servir como pontos de partida para a construção de uma cultura nacional de prevenção, onde o ato de escovar os dentes e visitar o dentista regularmente não dependa de eventos pontuais. A agenda educativa deve alcançar desde a infância até a terceira idade, promovendo autocuidado e acompanhamentos periódicos.

Perspectivas Futuras e Sustentabilidade do Atendimento

Para consolidar os avanços obtidos, é essencial monitorar o impacto das ações públicas e avaliar indicadores de saúde bucal com consistência. O fortalecimento da Política Nacional de Saúde Bucal deve caminhar lado a lado com a formação continuada de dentistas, técnicos e agentes comunitários.

Investimentos em tecnologia preventiva, ampliação dos laboratórios regionais de prótese dentária (LRPDs) e a integração com outros programas de saúde — como vacinação e atenção básica — são elementos fundamentais para garantir resultados duradouros.

O Ministério da Saúde, inclusive, abriu recentemente uma consulta pública para discutir a nova distribuição de equipamentos odontológicos, convidando especialistas e cidadãos a colaborarem na definição de critérios para aquisição e alocação dos recursos. A proposta reforça o princípio da participação social e o compromisso do Estado com uma odontologia acessível e moderna.¹⁷

Conclusão

O Dia do Dentista no Brasil evidencia mais do que celebrações simbólicas — é um marco de reflexão sobre justiça social, políticas de prevenção e o direito à saúde integral. De São Paulo a Maceió, de Sorriso a Salvador, o país testemunha uma convergência de esforços públicos e privados que transformam o sorriso de milhões de brasileiros em símbolo de dignidade.

Para que a saúde bucal deixe definitivamente de ser um privilégio, a continuidade dessas ações deve se basear em três pilares: acesso universal, educação permanente e inovação sustentável. O fortalecimento do Brasil Sorridente, a expansão das Unidades Odontológicas Móveis e o incentivo à pesquisa são caminhos que apontam para um futuro onde todos possam sorrir com saúde, respeito e equidade.

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FAQs

1. O que é o Dia do Dentista no Brasil e por que é comemorado em 25 de outubro?
A data marca a criação oficial do primeiro curso de Odontologia no país, em 1884, e celebra o compromisso dos profissionais com a promoção da saúde bucal.

2. Quais serviços públicos oferecem atendimentos odontológicos gratuitos?
Atualmente, o SUS oferece atendimento odontológico em Unidades Básicas de Saúde, Centros de Especialidades Odontológicas, Laboratórios Regionais de Prótese Dentária e Unidades Odontológicas Móveis.

3. O que é o programa Brasil Sorridente?
Trata-se da Política Nacional de Saúde Bucal, lançada em 2004, que garante acesso gratuito a tratamento odontológico integral, incluindo próteses, cirurgias, endodontia e programas preventivos.

4. Como as Unidades Odontológicas Móveis funcionam?
Essas unidades são veículos adaptados com consultórios completos que percorrem comunidades rurais e periferias oferecendo serviços de prevenção, restauração e procedimentos básicos gratuitos.

5. Quais são os principais desafios da saúde bucal pública no Brasil?
Ainda há grandes disparidades regionais, filas de espera para serviços complexos, carência de profissionais em áreas remotas e necessidade constante de financiamento e modernização dos equipamentos.

6. Como as universidades contribuem para o fortalecimento da odontologia social?
Faculdades e centros universitários promovem clínicas-escola e campanhas de extensão que oferecem atendimento gratuito, ao mesmo tempo em que formam profissionais conscientes da função social da profissão.

7. Que papel as campanhas educativas desempenham nas políticas públicas?
Ações como escovação supervisionada em escolas e orientações a gestantes complementam o atendimento clínico, ajudando a enraizar hábitos de higiene e prevenção desde a infância.

Notas

  1. Lei nº 10.465/2002, Diário Oficial da União, Brasília, 2002.
  2. Ministério da Saúde, Política Nacional de Saúde Bucal – Brasil Sorridente, Brasília, 2024.
  3. Correio Braziliense, “Avanços e lacunas da saúde bucal”, 24 de outubro de 2025.
  4. G1 São Paulo, “Virada Odontológica mobiliza rede municipal de saúde em São Paulo”, 20 de outubro de 2025.
  5. Prefeitura de São Paulo, Relatório da Secretaria Municipal de Saúde, 2025.
  6. Assembleia Legislativa de Goiás, Lei Estadual nº 23.604/2025, Goiânia, 2025.
  7. Portal Alego, “Cuidar dos dentes é fator de saúde pública”, 23 de outubro de 2025.
  8. G1 Bahia, “Universidade oferece atendimentos odontológicos gratuitos em Salvador”, 23 de outubro de 2025.
  9. Frances News, “Cuidados com a higiene bucal são tema de ação em escola municipal de Maceió”, 25 de outubro de 2025.
  10. TNH1, “Saiba quais são as unidades da rede estadual que ofertam serviços odontológicos”, 24 de outubro de 2025.
  11. Secretaria de Saúde do Distrito Federal, “Com investimento de R$ 2,3 milhões em 2025, GDF moderniza odontologia pública”, Brasília, 2025.
  12. Política Distrital, “GDF investe R$ 2,3 milhões na modernização da odontologia pública”, 2025.
  13. GOV.BR, “Consulta pública sobre distribuição de equipamentos odontológicos para o SUS”, 22 de outubro de 2025.
  14. MT Agora, “Articulação parlamentar garante Unidade Odontológica Móvel para Sorriso”, 22 de outubro de 2025.
  15. CNPEM, “Inovação em saúde bucal: Startup apoiada pelo CNPEM desenvolve produtos para prevenção e tratamento de cáries”, 20 de outubro de 2025.
  16. Ministério da Saúde, Pesquisa Nacional de Saúde Bucal (SB Brasil 2023), Brasília, 2024.
  17. GOV.BR, Consulta pública sobre equipamentos odontológicos para o SUS, 2025.
  18. Correio Braziliense, Opinião – Avanços e lacunas da saúde bucal, 24 de outubro de 2025.

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